CONSUMO DE OXIGÊNIO E LACTACIDEMIA
O
teste ergoespirométrico é um teste de esforço físico que possibilita determinar
variáveis respiratórias, metabólicas e cardiovasculares pela medida de 0²
consumido e de CO² eliminado. A capacidade de utilização máxima de oxigênio
inspirado e o limiar anaeróbio são os principais indicadores de capacidade
funcional cardiorrespiratória, uma vez que nem todo O² captado
é consumido.
O
VO² é avaliado pela capacidade captação, transporte e utilização do oxigênio
inalado.
O
VCO² é avaliado pela produção de CO² no organismo, que pode provir de duas
formas: pelo processo oxidativo ou pelo metabolismo chamado de
não-oxidativo. Esse é quando a prática do exercício físico produz lactato e
esse lactato em grandes concentrações pode causar acidose respiratória
estimulando então uma fonte adicional de CO², que estimula a ventilação.
Indivíduos
bem condicionados apresentam VO² máximo (volume de O² por unidade de tempo
durante exercício) e ventilações altas, garantindo então um elevado débito
cardíaco. Conforme se aumenta o trabalho muscular, a capacidade de captação de
O² aumenta linearmente.
Equação de Fick
VO²= Q. d(a-v)O²
VO² – consumo de
oxigênio expresso em ml.kg-¹.min-¹
Q – Débito Cardíaco
(Frequência Cardíaca x Volume Sistólico)
d(a-v)O² – diferença
entre conteúdo arterial e venoso de oxigênio
Durante o exercício
tanto o Q quanto a diferença artério-venosa de O² aumentam, pois aumenta
frequência cardíaca, e o conteúdo venoso de O² diminui.
Em
geral com o treinamento os valores de VO²máx podem aumentar em 20%, e com o
envelhecimento tendemos a reduzir os valores de VO²máx, em média uma redução de
7ml.kg-¹.min-¹ por década. Isso ocorre devido ao processo natural de
envelhecimento, a sarcopenia, em que ocorre gradual perda de massa muscular.
Como treinamento aeróbio esse valor de redução é reduzido, e a partir dos 60
anos o ideal é que se utilize o treinamento de força para frear ou
recuperar a perda de massa magra.
Em
um teste retangular de esforço podemos observar que com o aumento da carga
ocorre um déficit de o², e para suportar essa carga o organismo está
trabalhando com atividade anaeróbia consumindo ATP-CP e/ou glicogênio. Ou seja
os ajustes metabólicos e cardiovasculares promovidos pelo aumento da carga
utilizam vias anaeróbias para fornecimento de energia. Contudo ao cessar o
trabalho podemos observar que ocorre um pagamento desse déficit, atualmente
denominado EPOC o qual mantém um consumo de O² mais alto que o déficit para
metabolizar o lactato produzido, e para recompor o níveis de ATP-CP, glicogênio
muscular e mioglobina.
LACTACIDEMIA
A
produção de lactato durante o exercício está intimamente relacionada a condição
física do indivíduo, pois como a intensidade do treinamento é uma valência
relativa (intensidade absoluta/individuo/ atividade) podemos ter para uma mesma
intensidade absoluta (Km/h, m/s, Watt) diferentes adaptações metabólicas
dependendo do treinamento de cada indivíduo o que pode acelerar ou retardar o
processo de fadiga.
Com
o aumento da carga de trabalho a produção de lactato aumenta linearmente a
metabolização, até um ponto em que de devido a saturação dos transportadores
MCT, ocorre um acúmulo da concentração de lactato, tornando a curva de produção
mais íngreme que a de remoção. E posteriormente a metabolização atinge um platô
independente do aumento da carga de trabalho.
1ºLimiar
de Lactato ocorre quando os transportadores de piruvato (MCT) para
mitocôndria ficam saturados e esse aumento da concentração de piruvato
ativa a Lactado desidrogenase, aumentando a produção de lactato.
2º
Limiar de Lactato ocorre quando a metabolização atinge o platô e já se torna
insuficiente para esse aumento de concentração de lactato.
Esse
limiares sempre ocorrerão, porém dependendo tipo de treinamento pode-se induzir
fenômenos adaptativos para essa curva se desloque para esquerda aumentando a
resistência a acidose e /ou aumentando a capacidade de remoção do
lactato.
Zonas de Treinamento
As zonas de treinamento
são métodos adaptativos para uma melhoria de respostas metabólica e
cardiovasculares, sendo que uma mesma intensidade de exercício pode
atingir diferentes zonas de treinamento dependendo da condição física do
indivíduo.
Sub-Aeróbio:
Geralmente não causa
fenômenos adaptativos, pois apresenta pouco estress ao sistema muscular e
cardiovascular.
Aeróbio Extensivo:
Zona de treinamento
acima do 1º limiar de lactato. Promove aumento: da capilarização, do tamanho e
concentração de mitocôndrias assim como uma melhora do metabolismo muscular
esquelético por aumento de mioglobinas, ativação de enzimas lipolíticas.
Aeróbio Intensivo:
Zona de treinamento
ligeiramente abaixo do 2º limiar de lactato. Promove adaptações
cardiovasculares como diminuição da frequência cardíaca, aumento espessura dos
vasos e capacidade vasodilatadora.
Anaeróbio:
Zona de treinamento
acima do 2º limiar de lactato. Promove aumento de massa muscular, ativação das
enzimas glicolíticas, resistência a acidose, maior eficiência das
reservas tamponantes (ATP-CP, glicogênio muscular)
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