quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

CONSUMO DE OXIGÊNIO E LACTACIDEMIA



CONSUMO DE OXIGÊNIO E LACTACIDEMIA


O teste ergoespirométrico é um teste de esforço físico que possibilita determinar variáveis respiratórias, metabólicas e cardiovasculares pela medida de 0² consumido e de CO² eliminado. A capacidade de utilização máxima de oxigênio inspirado e o limiar anaeróbio são os principais indicadores de capacidade funcional cardiorrespiratória, uma vez que nem todo O² captado é consumido.
O VO² é avaliado pela capacidade captação, transporte e utilização do oxigênio inalado.
O VCO² é avaliado pela produção de CO² no organismo, que pode provir de duas formas: pelo processo oxidativo  ou pelo metabolismo chamado de não-oxidativo. Esse é quando a prática do exercício físico produz lactato e esse lactato em grandes concentrações pode causar acidose respiratória estimulando então uma fonte adicional de CO², que estimula a ventilação.
Indivíduos bem condicionados apresentam VO² máximo (volume de O² por unidade de tempo durante exercício) e ventilações altas, garantindo então um elevado débito cardíaco. Conforme se aumenta o trabalho muscular, a capacidade de captação de O² aumenta linearmente.

Equação de Fick

VO²= Q. d(a-v)O²
VO² – consumo de oxigênio expresso em ml.kg-¹.min-¹
Q – Débito Cardíaco (Frequência Cardíaca x Volume Sistólico)
d(a-v)O² – diferença entre conteúdo arterial e venoso de oxigênio
Durante o exercício tanto o Q quanto a diferença artério-venosa de O² aumentam,  pois aumenta frequência cardíaca,  e o conteúdo venoso de O² diminui.
Em geral com o treinamento os valores de VO²máx podem aumentar em 20%, e com o envelhecimento tendemos a reduzir os valores de VO²máx, em média uma redução de 7ml.kg-¹.min-¹ por década.  Isso ocorre devido ao processo natural de envelhecimento, a sarcopenia, em que ocorre gradual perda de massa muscular. Como treinamento aeróbio esse valor de redução é reduzido, e a partir dos 60 anos o ideal é que se utilize o treinamento de força para frear ou recuperar a perda de massa magra.
Em um teste retangular de esforço podemos observar que com o aumento da carga ocorre um déficit de o², e para suportar essa carga o organismo está trabalhando com atividade anaeróbia consumindo ATP-CP e/ou glicogênio. Ou seja os ajustes metabólicos e cardiovasculares promovidos pelo aumento da carga utilizam vias anaeróbias para fornecimento de energia. Contudo ao cessar o trabalho podemos observar que ocorre um pagamento desse déficit, atualmente denominado EPOC o qual mantém um consumo de O² mais alto que o déficit para metabolizar o lactato produzido, e para recompor o níveis de ATP-CP, glicogênio muscular e mioglobina.

LACTACIDEMIA

A produção de lactato durante o exercício está intimamente relacionada a condição física do indivíduo, pois como a intensidade do treinamento é uma valência relativa (intensidade absoluta/individuo/ atividade) podemos ter para uma mesma intensidade absoluta (Km/h, m/s, Watt) diferentes adaptações metabólicas dependendo do treinamento de cada indivíduo o que pode acelerar ou retardar o processo de fadiga.
Com o aumento da carga de trabalho a produção de lactato aumenta linearmente a metabolização, até um ponto em que de devido a saturação dos transportadores MCT, ocorre um acúmulo da concentração de lactato, tornando a curva de produção mais íngreme que a de remoção. E posteriormente a metabolização atinge um platô independente do aumento da carga de trabalho.
1ºLimiar de Lactato ocorre quando os transportadores de piruvato  (MCT) para mitocôndria ficam saturados e  esse aumento da concentração de piruvato ativa a Lactado desidrogenase, aumentando a produção de lactato.
2º Limiar de Lactato ocorre quando a metabolização atinge o platô e já se torna insuficiente para esse aumento de concentração de lactato.
Esse limiares sempre ocorrerão, porém dependendo tipo de treinamento pode-se induzir fenômenos adaptativos para essa curva se desloque para esquerda aumentando a resistência a acidose e /ou aumentando a capacidade  de remoção do lactato.

Zonas de Treinamento

As zonas de treinamento são métodos adaptativos para uma melhoria de respostas metabólica e cardiovasculares,  sendo que uma mesma intensidade de exercício  pode atingir diferentes zonas de treinamento dependendo da condição física do indivíduo.

Sub-Aeróbio:

Geralmente não causa fenômenos adaptativos, pois apresenta pouco estress ao sistema muscular e cardiovascular.

Aeróbio Extensivo:

Zona de treinamento acima do 1º limiar de lactato. Promove aumento: da capilarização, do tamanho e concentração de mitocôndrias assim como uma melhora do metabolismo muscular esquelético por aumento de mioglobinas, ativação de enzimas lipolíticas.

Aeróbio Intensivo:

Zona de treinamento ligeiramente abaixo do 2º limiar de lactato. Promove adaptações cardiovasculares como diminuição da frequência cardíaca, aumento espessura dos vasos e capacidade vasodilatadora.

Anaeróbio:

Zona de treinamento acima do 2º limiar de lactato. Promove aumento de massa muscular, ativação das enzimas glicolíticas,  resistência a acidose, maior eficiência das reservas tamponantes (ATP-CP, glicogênio muscular)

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